A importância da medicina preventiva e o papel do médico

A importância da medicina preventiva e o papel do médico

“… sua função vai além de apenas prescrever medicamentos ou solicitar exames.”

Até o século XX a medicina era uma área que se concentrava principalmente no tratamento de patologias e cuidados dos enfermos. Com o avanço das tecnologias e terapêuticas, o perfil de doenças mudou significativamente, fazendo com que os profissionais de saúde adotassem uma conduta mais proativa, agindo para prevenir fatores de risco e agravos de condições já instaladas, o que chamamos de medicina preventiva.

A medicina preventiva foi inicialmente estruturada em 3 níveis de atuação:

● Prevenção primária, cujo objetivo é evitar o desenvolvimento de uma doença, agindo nas causas e fatores de risco

● Prevenção secundária, que visa diagnósticos precoces, possibilitando medidas para evitar o avanço da condição de saúde

● Prevenção terciária, que tem em vista limitar a progressão da doença e reduzir suas complicações.

Existe também a prevenção quaternária, que se concentra em evitar sobrediagnósticos e hipermedicalização dos pacientes, o que será abordado mais detalhadamente. Mais recentemente surgiu o conceito da prevenção quinquenária, que visa prevenir o dano para o paciente, focando nos profissionais de saúde no sentido de evitar fenômenos como o burnout.

Atuando nas diferentes etapas de saúde e doença, a medicina preventiva tem impactos positivos em diversas áreas, proporcionando bem-estar individual, melhorias na saúde pública com a redução de mortalidade e morbidade, além de repercussões econômicas significativas com a redução de custos com atendimentos de emergência e tratamentos de alta densidade tecnológica.

A prevenção secundária é um motivo frequente de busca por atendimento médico, seja de forma espontânea pelo paciente ou devido a exigências de empresas e afins, o que se traduz em rastreamentos, comumente chamados de “check-ups”. Esse tipo de prevenção pode trazer diversos benefícios, mas é importante que seja feito com cuidado e sempre aliado à prevenção quaternária.

Dessa forma, evitam-se diagnósticos excessivos ou tratamentos desnecessários e garante-se que os exames e testes solicitados sejam realmente benéficos para o paciente, considerando as melhores evidências científicas disponíveis, o que é conhecido como medicina baseada em evidências.

Embora a ideia de prevenção dentro do consultório médico seja frequentemente associada a exames complementares, uma parte importante da medicina preventiva concentra-se na promoção da saúde. Essa abordagem enfatiza a mudança de hábitos como estratégia para melhorar a qualidade de vida e pode ser guiada pelos seis pilares da Medicina do Estilo de Vida (MEV): alimentação saudável, atividade física, sono adequado, gerenciamento do estresse, relacionamentos saudáveis e controle da exposição a substâncias de risco, como tabaco e álcool. Por meio da mudança dos hábitos é possível atingir os principais fatores de risco modificáveis para as doenças crônicas não transmissíveis: o tabagismo, a obesidade e o sedentarismo.

E qual a função do médico? Além do conhecimento quanto aos níveis de prevenção e uso adequado da medicina baseada em evidência para guiar exames e intervenções, o profissional deverá considerar o contexto do paciente, seus sentimentos e suas expectativas, por meio de uma ferramenta conhecida como Método Clínico Centrado na Pessoa.

No entanto, sua função vai além de apenas prescrever medicamentos ou solicitar exames. O médico atua como um motivador e orientador para seus pacientes, buscando incentivar mudanças positivas no estilo de vida que possam trazer benefícios para a saúde a longo prazo, como a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e a prática regular de atividades físicas.

O papel do médico também inclui o acompanhamento regular do progresso do paciente e a oferta de suporte contínuo para ajudá-lo a manter seus objetivos de saúde a longo prazo.

É importante destacar que a mudança de hábitos nem sempre é fácil e pode demandar tempo e esforço por parte do indivíduo. Por isso, a orientação e o acompanhamento médico são fundamentais para garantir o sucesso dessas mudanças.

Leonardo Teixeira Limberger, Médico (CRM-RS 53.302)

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